sábado, 31 de agosto de 2013

CONFRONTO ENTRE PM E ÍNDIOS NA FRENTE DO PALÁCIO DO GOVERNO RS

FOLHA.COM 30/08/2013 - 16h45

Polícia joga bombas em índios acampados em Porto Alegre

DE SÃO PAULO


FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE

Policiais militares e índios entraram em confronto em frente ao palácio do governo do Rio Grande do Sul na tarde desta sexta-feira (30) em Porto Alegre.

Homens da tropa de choque lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra um acampamento montado por centenas de índios na praça em frente à sede do governo. Segundo os manifestantes, uma pessoa ficou ferida e precisou de atendimento médico.

Os índios, das etnias guarani e caingangue, pedem rapidez na retirada de agricultores de terras do interior gaúcho. O governo de Tarso Genro (PT) se comprometeu a ajudar no pagamento de indenizações aos produtores rurais como forma de facilitar a saída e regularizar terras indígenas.

Os indígenas afirmam que já discutiram o assunto em junho com o governo e que não houve evolução no processo.

Felipe Bächtold/Folhapress

Policiais militares cercam o palácio do governo gaúcho, em Porto Alegre, após confronto em manifestação de indígenas


"Ele [Tarso] está muito no papo e isso não está resolvendo. Enquanto isso, os índios são ameaçados por fazendeiros", diz Luís Salvador, líder de uma comunidade da cidade de Vicente Dutra (a 453 km de Porto Alegre).

Dezenas de barracas foram montadas na praça, onde também ficam a Assembleia Legislativa e o palácio da Justiça gaúcha.

Pela manhã, sindicalistas que promovem um dia de mobilização pelo país estiveram na praça e também protestaram.

O tumulto começou por volta das 15h30, quando os manifestantes se aproximaram de uma barreira montada pelos policiais militares na frente do prédio.

A explosão das bombas revoltou os manifestantes e atraiu para o local não índios indignados com a ação policial. Eles reclamam que as bombas foram jogadas contra crianças e idosos acampados.

Os indígenas afirmam que só vão sair da praça quando o governo do Estado se comprometer em documento a atender suas demandas. Dezenas de integrantes da tropa de choque permaneciam cercando o palácio na tarde desta sexta-feira (30).

MILÍCIA ERA PAGA PARA ATACAR ÍNDIOS NO MS

FOLHA.COM 29/08/2013 - 20h17

Milícia armada recebia R$ 30 mil para atacar índios em MS, diz Procuradoria


DE SÃO PAULO



O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul acusa uma empresa de segurança de Dourados (250 km de Campo Grande) de atuar como "milícia privada" para intimidar e expulsar índios de terras sob litígio no Estado.

A Procuradoria pede a dissolução e o cancelamento do registro da Gaspem Segurança Ltda.

A empresa trabalha com vigilância e segurança privada, mas, segundo o MPF, realiza ações violentas para retirar índios guarani-caiová de terras ocupadas ou intimidá-los.

Funcionários da Gaspem também enfrentam processo pelas mortes dos líderes guaranis Dorvalino Rocha, em 2005, e Nízio Gomes, em 2011, na região de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.

Segundo depoimentos ao MPF, a empresa chegava a receber R$ 30 mil para cada desocupação violenta.

O órgão afirma que a empresa, além de se desviar de sua finalidade, é "indiscutivelmente" ilícita, e pede em caráter liminar a suspensão das atividades e o bloqueio de R$ 480 mil para assegurar pagamento por dano moral coletivo.

"Os atos de defesa privada são excepcionais e devem ser exercidos com presteza, proporcionalidade e moderação", afirma a ação do MPF.

IRREGULARIDADES SOB APURAÇÃO

As investigações apontam ainda outras irregularidades na Gaspem, como contratação de vigilantes terceirizados sem curso de formação, porte ilegal de armas, falta de treinamento para manuseio de armas não letais e fraudes administrativas.

A empresa, de acordo com a Procuradoria, é administrada de fato por um ex-servidor estadual da área de segurança pública, que não poderia exercer esse trabalho.

A Folha não conseguiu localizar os responsáveis pela Gaspem no início da noite desta quinta-feira (29). No site da Justiça Federal ainda não constava o nome do advogado de defesa da empresa.